ARM anuncia a arquitetura de chips ARMv9, a 1.ª desde 2011

Rui Bacelar
Rui Bacelar
Tempo de leitura: 4 min.

A ARM acaba de apresentar a mais recente arquitetura de processadores ARMv9 com importantes melhorias face ao padrão ARMv8 apresentado em 2011. É, portanto, um anúncio de extrema importância que nos deu a conhecer nova arquitetura para chipsets.

Sublinhamos que a ARM tem ampla presença no mercado de dispositivos móveis com virtualmente toda a indústria mobile a usar a sua arquitetura ARMv8 no fabrico dos processadores. Da Qualcomm à Samsung, a planta traçada pela ARM define a indústria.

A ARM apresentou a nova arquitetura de processadores ARMv9

ARMv9
As etapas e saltos geracionais de 1990 a 2021. Crédito ARM

O padrão atual, ARMv8 chegou em 2011 e, só nos últimos 5 anos, mais de 100 mil milhões de dispositivos móveis usam este padrão nos seus componentes. É esta a linguagem que dita o funcionamento dos atuais processadores dos nossos smartphones.

Agora, a ARM prepara a indústria para uma nova geração de processadores otimizados para o desempenho, segurança e Inteligência Artificial (IA), bem como a compatibilidade com a geração anterior e todas as configurações criadas para esta.

A CCA vem reforçar a segurança na arquitetura ARMv9

Sparking the World's Potential. pic.twitter.com/wg8jCS31k0

— Arm (@Arm) 29 de março de 2021

O "machine learning" e sobretudo a segurança, está acatada com a Confidential Compute Architecture, CCA. Trata-se de um ambiente seguro, baseado no hardware, que vem proteger o código (software), mesmo de software com acesso privilegiado.

Este CCA visa evitar falhas de segurança no hardware e prevenir vulnerabilidades como a Spectre e Meltdown.

Para o efeito, a ARM criará "Realms" com a v9 que serão criadas pelas aplicações conforme sejam necessários. São pequenos "reinos" onde a aplicação pode ser executada de forma segura, num ambiente controlado onde nem o sistema operativo interfere.

Em síntese, mesmo que o sistema operativo esteja desatualizado, ou apresente uma vulnerabilidade de segurança, as aplicações poderão continuar a operar de forma segura. Por extensão, também o código das apps e informações estarão seguras.

ARMv9
O reforço de segurança com a ARM CCA. Crédito ARM

A ARM também revelou os frutos do seu trabalho junto da Fujitsu, parceira que a ajudou a criar a Scalable Vector Extension (SVE). O novo vetor foi requisitado pela Fujitsu para o seu novo supercomputador.

ARM v9
O machine learning será benificiado pela SVE2 da ARM.

Mais ainda, com a ARMv9 temos o SVE2, a segunda geração que potenciará o processamento entre GPU, CPU e NPU. Isto traduzir-se-á num grande salto nas capacidades da inteligência artificial e para a evolução do machine learning.

Os primeiros núcleos de processamento ARMv9 estão a ser desenhados

ARM v9
As próximas gerações de núcleos têm melhor desempenho.

Segundo avança a ARM, as duas primeiras gerações de núcleos ARM v9 para CPU's já estão a ser concebidos. Esta segunda geração deverá apresentar melhorias de desempenho na ordem dos 30% face aos atuais modelos Cortex.

Sublinhamos ainda que as novas gerações de núcleos ARMv9 são apelidados de Matterhorn e de Makalu.

Mais concretamente, o Makalu será o primeiro núcelo Cortex-A a abrir mão do suporte para software a 32-bits. Algo que para os utilizadores não deverá fazer diferença uma vez que a Google Play Store deixou de aceitar apps a 32-bits há vários anos.

Aliás, a partir de 1 de agosto de 2021 a Play Store removerá qualquer conteúdo a 32-bits (aplicações), suportando apenas apps e dispositivos a 64-bits no que à arquitetura de processamento concerne.

A tecnologia Ray Tracing chegará às gráficas para smartphones

ARM v9
O Ray Tracing chegará aos smartphones com a nova geração.

Para os jogadores mobile são ótimas notícias. O ray tracing simula a incidência natural da luz, dos feixes luminosos no mundo real, sendo um dos destaques da nova PS5 e XBX. Futuramente chegará também aos dispositivos móveis com gráficas Mali.

A arquitetura ARM v9 é extremamente importante

Note-se que uma nova arquitetura de processadores vem ditar, por exemplo, como é que a memória RAM é utilizada, em que ordem e com que prioridade. É esta arquitetura que diz ao processador como trabalhar, que recursos usar e como "comunicar".

Face ao exposto, é compreensível que um novo padrão não surja todos os anos tendo em conta as ramificações e impacto causado nos mais diversos setores da indústria. No entanto, uma vez que a arquitetura ARMv8 chegou em 2011, carecia já de atualizações.

A propósito desta, quando foi lançada a ARMv8 trouxe inovações como o suporte ao AArch64. Este conjunto de instruções de 64-bits viria desbloquear um novo salto evolutivo na capacidade de processamento face à versão anterior, a ARMv7 limitada a 32-bits.

Editores 4gnews recomendam:

Rui Bacelar
Rui Bacelar
O Rui ajudou a fundar o 4gnews em 2014 e desde então tornou-se especialista em Android. Para além de já contar com mais de 12 mil conteúdos escritos, também espalhou o seu conhecimento em mais de 300 podcasts e dezenas de vídeos e reviews no canal do YouTube.